O longa “Chavín de Huántar: O resgate do século” estreou nos cinemas peruanos gerando grande repercussão, ultrapassando a marca de 1 milhão de espectadores em pouco mais de um mês — um feito raro para o cinema local. A obra, que recria a operação militar de resgate de 72 reféns sequestrados na residência do embaixador do Japão em 1997, rapidamente foi apelidada de “Tropa de Elite peruano” e passou a ser vista por muitos como um marco cultural.
A produção conquistou parte do público pelo alto grau de realismo: foram utilizadas explosões reais, armas autênticas e houve orientação de militares que atuaram na operação original. O roteiro privilegia o lado humano dos soldados, explorando suas relações familiares, inseguranças e o peso psicológico da missão. As réplicas dos túneis subterrâneos e as locações também foram elogiadas, bem como o esforço para demonstrar que o Peru é capaz de produzir filmes em escala comparável às grandes produções internacionais.
Contudo, a obra também enfrenta resistência de críticos e analistas. Muitos apontam que o filme adota uma perspectiva marcadamente alinhada à visão das Forças Armadas, ignorando nuances políticas e históricas do episódio. Há críticas quanto à representação superficial dos reféns — descritos como excessivamente calmos para quem viveu 126 dias em cativeiro — e à pouca profundidade com que figuras ligadas ao Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA) e à política da época são retratadas.
Um ponto especialmente destacado é a ausência de Alberto Fujimori, presidente à época e figura central no comando político da operação. Sua filha, Keiko Fujimori, criticou publicamente essa escolha, entendendo que o filme minimiza a liderança do pai. Para alguns, a omissão é uma tentativa de neutralidade; para outros, uma lacuna grave na fidelidade histórica.
Além disso, especialistas lembram que há relatos de execuções extrajudiciais após o resgate — incluindo a morte de um refém crítico ao governo —, fatos inteiramente omitidos na narrativa. Há ainda ressalvas técnicas, como efeitos especiais desiguais e uma trilha sonora considerada por vezes excessiva. Mesmo diante das controvérsias, o filme mantém grande popularidade e segue lotando salas em todo o país.
Fonte: DN
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