A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Instituto Nacional do Seguro Social decidiu, na sexta-feira (28/11), autorizar o encaminhamento de um requerimento de prisão preventiva contra a advogada cearense Cecília Rodrigues Mota. Ela é alvo de apurações por suposta participação em uma rede de desvio de recursos de aposentados, operada por meio de entidades que atuam na representação de beneficiários do INSS, com prejuízo estimado em mais de R$ 430 milhões.
A comissão também determinou a convocação de duas pessoas do Ceará para prestar depoimento: Antônio da Silveira Machado Neto, vinculado à Associação Santo Antônio, e Maria Antoniêta Sousa Garcia, ligada à Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS. Ambos deverão esclarecer suas eventuais relações com as atividades sob investigação.
Cecília já havia sido alvo de medidas coercitivas, inclusive com cumprimento de mandado de busca e apreensão durante a operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal. O deputado Alfredo Gaspar, relator da CPMI, manifestou insatisfação com o depoimento dela em 18 de junho, o que o levou a defender publicamente a possibilidade de prisão preventiva — proposta agora formalizada após aprovação colegiada.
Entre 2017 e 2020, Cecília Rodrigues Mota esteve à frente, simultaneamente, da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) e da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). Relatório da Controladoria-Geral da União classificou essa sobreposição como “confusão empresarial”, destacando ainda que ambas as entidades atuaram no mesmo endereço em Fortaleza entre 2016 e 2020, o que reforça indícios de integração irregular entre elas.
Conforme dados da CGU, o volume financeiro movimentado pelas duas associações entre 2019 e 2025 soma R$ 430.079.693,16, sendo cerca de R$ 270 milhões via AAPEN e aproximadamente R$ 159 milhões pela AAPB. Com a aprovação do requerimento, a CPMI deve remeter o pedido às autoridades competentes — Polícia Federal e Ministério Público — cabendo ao Poder Judiciário decidir sobre a eventual decretação da prisão. Os trabalhos da comissão seguem em andamento, com análise de documentos, depoimentos e dados financeiros para subsidiar o relatório final.
Fonte: diariodequixada
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