Quase 80% dos crimes sexuais no Ceará têm crianças e adolescentes como vítimas


Entre janeiro e setembro de 2025, o Ceará registrou 3.321 casos de crimes sexuais, dos quais 2.632 — ou seja, 79,3% — tiveram como vítimas crianças e adolescentes com menos de 18 anos. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e reforçam a gravidade da violência sexual contra menores no estado. A faixa etária mais atingida é a de 10 a 14 anos, seguida pela de 15 a 17 anos, com uma presença significativa também de vítimas com menos de 9 anos.


A maioria dos abusos ocorre dentro de casa ou em ambientes familiares, e os agressores costumam ser pessoas próximas às vítimas — como pais, padrastos, tios, irmãos, namorados de parentes ou responsáveis pela guarda. Esse contexto dificulta a denúncia, já que as crianças muitas vezes dependem emocional e financeiramente dos autores dos crimes, além de sofrerem intimidação ou manipulação. Em muitos casos, o abuso é contínuo e se prolonga por meses ou até anos antes de ser descoberto.


O sub-registro é considerado um obstáculo crítico pelas autoridades. Muitos casos não chegam ao conhecimento da polícia por medo, vergonha, falta de informação ou por a vítima não ter com quem compartilhar o que sofreu. Por isso, profissionais da educação, da saúde e do serviço social têm papel fundamental na identificação de sinais de violência e no acionamento da rede de proteção. A SSPDS destaca que tem investido em capacitação desses agentes e em campanhas de conscientização voltadas à prevenção e ao encorajamento da denúncia.


As investigações são conduzidas principalmente pelas Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCAs) e contam com apoio de equipes multidisciplinares. A SSPDS informa que tem trabalhado em parceria com o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Poder Judiciário para acelerar os processos e garantir que os agressores sejam responsabilizados. Além disso, há esforços para oferecer acolhimento psicológico, social e jurídico às vítimas e suas famílias.


A população é incentivada a denunciar suspeitas de abuso sexual contra crianças e adolescentes por meio do Disque 100, do Conselho Tutelar ou diretamente nas delegacias. A SSPDS reforça que qualquer sinal de violência deve ser levado a sério e que a denúncia pode ser feita de forma anônima, mas pode salvar vidas.

Fonte: DN

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