Em uma análise crítica da situação fiscal brasileira, o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), declarou nesta segunda-feira, 06/10, que o risco fiscal atual pode resultar em uma crise de grandes proporções para o país.
A afirmação foi feita durante o ciclo de debates "O Brasil na visão das lideranças públicas", promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso.
Fraga caracterizou a política fiscal em vigor como "suicida", alertando que, se não houver uma correção de rumo, o Brasil poderá enfrentar sérias consequências econômicas. "Estamos vivendo um risco enorme", ressaltou ele, enfatizando a necessidade urgente de mudanças nas estratégias de gastos e receitas do governo federal.
Em sua fala, Fraga lembrou-se de sua rápida aceitação do convite do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir a presidência do BC, destacando a confiança nas promessas de um ajuste fiscal significativo na época, que envolvia reformas equivalentes a 4 pontos do Produto Interno Bruto (PIB). "Foi feito", disse ele, referindo-se à implementação bem-sucedida desse compromisso.
Atualmente, Fraga observou uma realidade distinta e preocupante para o Brasil, citando que termos como "dominância fiscal" começaram a ser utilizados no debate econômico. Essa condição ocorre quando as políticas fiscais, marcadas por alta dívida e déficits, limitam a efetividade da política monetária, dificultando o controle da inflação pelo BC, mesmo com taxas de juros elevadas.
O economista destacou que o cenário é agravado por juros reais de 10% ao ano (nominais de 15%), em um momento em que a economia do Brasil apresenta ganhos de produtividade "incrivelmente modestos" e investimentos baixos.
Para Fraga, a questão fiscal é, sem dúvida, a mais crítica no atual contexto econômico, e as taxas de juros refletem claramente os problemas subjacentes. Ele também destacou que “essas isenções todas” têm pressionado a taxa de juros para cima, resultando em uma conta que recai sobre o Tesouro Nacional.
Com isso, o futuro da dívida pública torna-se extremamente complexo, aumentando as preocupações sobre a sustentabilidade financeira do país.






