Pai de Benício denuncia “sucessão de erros” após aplicação incorreta de adrenalina levar à prescrição do caso


Os pais de Benício Xavier, menino de 6 anos que faleceu após receber adrenalina por via endovenosa — quando o tratamento indicado era por nebulização — denunciaram, em entrevista ao Fantástico, uma série de falhas no atendimento no Hospital Santa Júlia, em Manaus. A criança foi levada à unidade no dia 22 de novembro com tosse seca e febre, e a suspeita inicial era de laringite. A mãe, Joice Xavier de Carvalho, relatou ter questionado o procedimento ao ver o soro injetável, já que, um mês antes, Benício havia recebido adrenalina por inalação no mesmo hospital para quadro semelhante.


Bruno Mello de Freitas, pai do menino, afirmou que, após a aplicação da medicação na veia, Benício ficou pálido, reclamou de dor no peito e passou a ter dificuldade para respirar. Ele foi levado à sala vermelha, depois transferido para a UTI e intubado. A criança sofreu seis paradas cardiorrespiratórias e não resistiu. Os pais descreveram o episódio como uma “sucessão de erros” e uma “negligência evidente”, ressaltando que nenhum familiar leva o filho ao hospital esperando um desfecho trágico dessa natureza.

O caso ganhou novos contornos com o depoimento de testemunhas à polícia. O delegado Marcelo Martins informou que ao menos três profissionais que atuavam no hospital naquele dia relataram que a médica Juliana Brasil Santos, responsável pela prescrição, teria tentado alterar o prontuário eletrônico para ocultar o erro. Segundo os relatos, ela buscava acesso à prescrição original com o intuito de suprimir ou modificar dados que mostrassem a indicação incorreta da via endovenosa.

Juliana já havia admitido o equívoco em um documento encaminhado à Polícia e em mensagens trocadas com o médico Enryko Queiroz, embora sua defesa afirme que a confissão ocorreu “no calor do momento”. A técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, que aplicou a medicação, também responde ao inquérito, em liberdade.

O delegado destacou que a investigação analisa a hipótese de dolo eventual, diante da possível indiferença ao risco iminente à vida da criança. Contudo, um pedido de prisão preventiva não pôde ser formulado devido a uma liminar concedida em habeas corpus impetrado pela defesa da médica.

A defesa de Juliana argumenta que o erro pode ter sido provocado por falha em sistema automatizado de prescrição, que teria alterado a via de administração sem intervenção humana. O advogado Felipe Braga sustenta que a médica não digitou a prescrição manualmente e que o software poderia ter reinterpretado os dados de forma equivocada. A família, por sua vez, rebate essa tese em carta pública, afirmando não haver evidências de instabilidade no sistema naquele período.

O caso segue sendo investigado como homicídio doloso qualificado.

Fonte: DN

📱  Siga o @mtnews2025_ 

Postagem Anterior Próxima Postagem