Dengue preocupa Ceará em 2026 com retorno do sorotipo 3 após duas décadas de baixa circulação


Após um ano com baixa circulação de dengue no Ceará, as autoridades sanitárias passaram a encarar com atenção especial o risco de um surto em 2026, motivado pela reintrodução do sorotipo 3 (DENV-3), ausente por cerca de duas décadas no Estado. Segundo o secretário-executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Silva Lima Neto (Tanta), o retorno desse vírus — já detectado em alguns municípios do Cariri e Vale do Jaguaribe em 2025 — representa um alerta, especialmente pela vulnerabilidade da população que nunca teve contato com esse tipo viral.

Os primeiros casos autóctones foram registrados após o período chuvoso, em áreas rurais com baixa densidade populacional e pouca presença do Aedes aegypti, o que ajudou a conter a disseminação. Até a semana epidemiológica 43, foram identificadas 20 ocorrências do DENV-3 no Estado. Apesar da leve circulação, o cenário poderia ser bem mais grave se os casos tivessem coincidido com o pico de chuvas e alta infestação vetorial.

Em 2025, o Ceará registrou 4.097 casos de dengue — menos da metade do total de 2024 —, além de quedas expressivas nos números de chikungunya e zika. Por outro lado, a febre do oropouche apresentou aumento significativo no mesmo período. A preocupação com o DENV-3 se justifica ainda pelo fato de que infecções por mais de um sorotipo aumentam o risco de evolução para formas graves da doença, e boa parte da população não possui imunidade contra esse tipo específico.

Para conter uma possível epidemia, o Estado aposta na atuação contínua dos municípios e no engajamento da população no combate ao mosquito. Ações como limpeza de reservatórios, visitas de agentes de endemias e campanhas educativas são consideradas essenciais. Também estão em avaliação o uso de mosquitos com Wolbachia e a ampliação da vacinação, atualmente restrita a adolescentes de 10 a 14 anos.

Por fim, o gestor reforça a importância de abordar o problema sob a perspectiva da Saúde Única — que integra saúde humana, animal e ambiental — como forma de prevenir não só a dengue, mas também outras ameaças emergentes. A lógica é que desequilíbrios ecológicos e invasão de habitats naturais elevam o risco de novos vírus saltarem de animais para humanos, repetindo cenários como o da pandemia de Covid-19.

Fonte: DN

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