O silêncio é um dado relevante: não aparece em tabelas ou planilhas, mas se manifesta nas lacunas dos registros oficiais. No Ceará, na maioria absoluta dos indiciamentos por violência sexual contra crianças e adolescentes — mais de 96% entre 2009 e 2024 — o vínculo entre agressor e vítima não foi informado.
Esse vazio não é neutro. Ele oculta relações de proximidade, apaga laços familiares e exclui da estatística a realidade de violências que ocorrem frequentemente no ambiente doméstico. Sem esses dados, o combate à violência perde precisão, transformando os agressores em figuras anônimas, sem identidade nem contexto.
Segundo especialistas, essa falha sistêmica compromete a compreensão do fenômeno e dificulta o desenvolvimento de políticas públicas eficazes de prevenção e enfrentamento no Estado.


