Ex-presidente do Botafogo expõe crise entre Textor e a Eagle, envolvendo lábia, tentativa de recompra e falta de recursos financeiros


Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente do Botafogo, revelou que John Textor tenta manter o controle do clube mesmo sem recursos financeiros. Em áudio confirmado pela ESPN, Montenegro afirma que Textor já saiu formalmente da Eagle, mas busca apoio para comprar o Botafogo, enfrentando resistência do fundo Ares Management, que controla parte dos ativos da Eagle.


Segundo Carlos Augusto Montenegro, a Eagle recebeu um aporte de US$ 450 milhões da Ares em 2022, com garantias que incluíam ativos e ações de John Textor. O empresário não conseguiu honrar os compromissos e ainda deve cerca de US$ 350 milhões, mesmo após vender sua parte no Crystal Palace. Montenegro afirma que Textor perdeu credibilidade e acusa-o de usar sua "lábia" para atrair investidores.


Mesmo sem controle decisório na Eagle, John Textor ainda assina documentos como dono da empresa e do Botafogo. A crise se intensificou após a Ares sugerir que ele recomprasse as ações da SAF do clube, atualmente com o fundo. Para isso, ele precisaria se afastar temporariamente do Botafogo, evitando conflito de interesses.


Nos bastidores do Botafogo, a proposta da Ares foi vista como tentativa de afastar John Textor e reformular o conselho. Funcionários e dirigentes do clube social reagiram, enviando uma carta à Eagle em defesa dele. Para Montenegro, o impasse reflete um conflito entre os atuais donos dos 90% da SAF, embora o clube social não esteja diretamente envolvido.


Leia a transcrição completa do áudio:

"Esse fundo de investimentos, que é o segundo maior dos Estados Unidos... O John Textor os procurou, e eles destinaram, dos US$ 500 bilhões que têm, US$ 10 bilhões pra investir no esporte. Uns 3 bi por ano a partir de 2022. O Textor conseguiu se aproximar desses caras e pegou US$ 450 milhões para a Eagle, e a razão principal foi para comprar o Lyon na França. A Ares foi na lábia do Textor e colocou US$ 450 milhões na Eagle e, como garantia, pegou todos os ativos da Eagle: contratos de televisão, de material, e pegou as ações dos sócios. Todas as ações do John Textor. Esse empréstimo, além do volume e do valor, tem juros um pouco mais alto que os juros de mercado nos Estados Unidos. E o Textor não estava conseguindo pagar. Vendeu o Crystal Palace, amortizou uma parte, mas ainda está devendo uns US$ 350 milhões (mais de R$ 1,9 bilhão, em cotação desta terça-feira).

Não tem dinheiro e perdeu as ações. Os caras executaram as ações que foram dadas em garantia. O Textor, agora, está tentando sair fora da Eagle. Na verdade já saiu no papel, parece que é isso. Mas está tentando ficar com o Botafogo. Só que ele precisa de dinheiro. Ele, pessoa física, não tem dinheiro, e está tentando falar com outras pessoas para ajudar a comprar. A Ares não quer negociar muito com ele, mesmo ele tendo dinheiro. Deve ter feito algumas e outras coisas não muito interessantes.

Seja lá no Lyon, onde já foi expulso e não pode botar o pé lá, seja em outras discussões. A situação é essa. Essa Ares é o segundo maior fundo de investimento dos Estados Unidos. Não tem esse negócio de história, de 100 anos de Botafogo, não. O que tem agora é dinheiro em cima da mesa. É uma briga entre os sócios que compraram o Botafogo e ficaram com 90% da SAF. Teoricamente, a gente não tem nada a ver com essa briga, mas é o que está acontecendo. Espero que eu tenha sido claro. Qualquer coisa, me pergunta."


Fonte: espn
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