Deputados veem aumento de tensão após operação contra Júnior Mano
A reação na Câmara dos Deputados sobre a operação que teve como um dos alvos um parlamentar, na manhã desta terça (8), mira o aumento da tensão entre os Poderes.
A operação deve ser alvo de opiniões na reunião de líderes desta terça (8), apesar de a Câmara dos Deputados e o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), preferirem não se posicionar, oficialmente, sobre o assunto.
Acionados pela CNN, muitos líderes diziam terem tomado conhecimento da operação quando a PF já fazia busca e apreensão no gabinete de Júnior Mano (PSB-CE). O presidente Hugo Motta foi avisado pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, quando a operação já estava em curso.
Entre os membros da Mesa Diretora, a operação caiu de um jeito “ruim”, especialmente, em um momento de adversidade entre Executivo e Legislativo, em razão do imbróglio sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Sob reserva, deputados da mesa avaliam que a operação na Câmara “fustiga tensão” entre todos os Poderes, já que a decisão sobre o IOF, por exemplo, está nas mãos do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação desta terça por meio do ministro Gilmar Mendes, relator do inquérito, que tramita em sigilo.
Parlamentares admitem que já havia receio de que uma operação semelhante fosse autorizada, mas por meio do ministro Flávio Dino, que é relator de diversas ações sobre a execução de emendas parlamentares e o mau uso do recurso por políticos.
Gilmar Mendes é frequentemente consultado pelos parlamentares a opinar sobre a política. Justamente, no mês passado, Mendes ouviu reclamações de parlamentares sobre a relação com Dino.
Relação com investigado
Apesar do risco de acirramento dos ânimos, os deputados não demonstram boa vontade com Júnior Mano, descrito como “inconsequente” por alguns colegas, diante do que tem sido revelado pela operação no Ceará.
Mano é suspeito de integrar um esquema de desvios de emendas destinadas a municípios do Ceará. A investigação teve início a partir da denúncia da prefeitura de Canindé (CE).
A suspeita é de que o deputado tenha atuado em conluio com um prefeito eleito de uma cidade próxima, em uma organização criminosa que negociava emendas com gestores públicos em troca de comissão.
A investigação começou na superintendência da PF no Ceará, mas foi remetida ao STF depois que Mano foi mencionado, uma vez que o deputado federal tem prerrogativa de foro na Corte.
Para um parlamentar da mesa, consultado sob reserva, a operação contra o deputado “não ataca a Câmara, mas naturalmente, pelo ambiente político, soma-se a outras [investidas] que o Supremo está fazendo”.
Fonte: cnnbrasil


