Comitê criado para responder a Trump realiza primeiras reuniões nesta terça-feira (15)

 A primeira rodada de reuniões do comitê terá encontros com representantes da indústria e do setor do agronegócio.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta segunda-feira (14) o início oficial dos trabalhos do comitê interministerial criado para coordenar a resposta brasileira ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.


A primeira rodada de reuniões do comitê será realizada já nesta terça-feira (15), com dois encontros: um pela manhã com representantes da indústria e outro à tarde com o setor do agronegócio.


No período da manhã, Alckmin vai receber lideranças dos segmentos de aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, autopeças e móveis. À tarde, a partir das 14h, será a vez de representantes do agro, incluindo produtores de pescado, carnes, frutas, suco de uva, mel e couro — setores diretamente afetados pelas barreiras comerciais americanas.


A medida imposta por Trump prevê uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados a partir de 1º de agosto e é interpretada pelo governo como uma retaliação de caráter político, com alvos no governo e no Supremo Tribunal Federal.

Segundo Alckmin, as reuniões com empresários norte-americanos e representantes de setores produtivos brasileiros não vão se limitar a esta terça-feira.

Paralelamente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também terá uma reunião às 9h30 desta terça no Palácio dos Bandeirantes com representantes da indústria paulista, o que foi comentado por Alckmin durante o anúncio. Além de afirmar que não vê problemas na iniciativa, Alckmin destacou que, embora Tarcísio esteja conduzindo negociações próprias, o Brasil já vem dialogando há bastante tempo — inclusive desde a primeira ameaça de tarifação de 10% sobre o aço e outros produtos nacionais.

"Eu não vejo nenhum problema que haja reunião, enfim, vejo nenhum problema nisso. É importante destacar que nós já víamos fazendo um diálogo. Eu estive, através de videoconferência, com o Howard Lutnick e com o embaixador Greer. Depois, as conversas continuaram. Aí, no dia 16 de maio, foi encaminhada, até em caráter confidencial, uma proposta para os Estados Unidos."

O vice-presidente negou que o governo brasileiro pretenda solicitar um prazo adicional para a entrada em vigor das tarifas, como chegou a ser cogitado pela manhã. Também descartou, por enquanto, qualquer discussão sobre a possibilidade de aplicar percentuais menores, como 25% ou 30%, às exportações brasileiras. Paralelamente, o presidente Lula assinou o decreto da lei de reciprocidade, tema sobre o qual o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também se manifestou. 

"Autoriza o Executivo a adotar medidas de proteção do país quando medidas extemporâneas e extraordinárias foram adotadas de forma unilateral por outros países do Brasil. E, por isso, a denominação reciprocidade pode responder em um formato também rápido se outro país fizer medidas semelhantes a essas que foram anunciadas pelos Estados Unidos."

Para Rui Costa, o decreto de reciprocidade cria um arcabouço legal para que o Brasil possa reagir a medidas semelhantes às adotadas pelos Estados Unidos. Antes, não havia uma legislação específica para esse tipo de retaliação, as respostas eram encaminhadas à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou executadas diretamente, o que frequentemente gerava impasses diplomáticos.

O decreto, segundo o governo, será publicado ainda nesta segunda-feira (14) em edição extra do Diário Oficial ou, no mais tardar, na edição de terça-feira (15). 

Fonte: cbn

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